Translate

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Na ONU, Papa Francisco critica organismos financeiros e exclusão social


Nesta sexta-feira (25), durante seu discurso na Assembleia Geral da organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o Papa Francisco criticou os órgãos financeiros internacionais e o uso indiscriminado do planeta que prejudica a natureza e os mais pobres. Diversos líderes mundiais, incluindo a presidente Dilma Rousseff, acompanharam e aplaudiram o discurso do papa..
"Os organismos financeiros internacionais devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países e não a submissão asfixiantes destes por sistemas de crédito que, longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maior pobreza, exclusão e dependência", afirmou, acrescentando: "Nenhum humano, indivíduo ou grupo pode se considerar onipotente e autorizado a passar por cima do direito dos outros."
Papa discursa na ONU
Papa discursa na ONU
O Pontífice condenou a “má gestão irresponsável da economia global”, que não pode ser guiada pela “ambição de riqueza e poder”.
O Papa afirmou que os governos devem fazer "todo o possível" para que as pessoas possam dispor de uma mínima base material e espiritual para garantirem a sua dignidade e formarem uma família. "Esse mínimo absoluto, em nível material, tem três nomes: casa, trabalho e terra. Em nível espiritual: liberdade de espírito".
Em seu discurso, ele também destacou que a "reforma e a adaptação aos tempos são sempre necessárias, progredindo rumo ao objetivo final de dar a todos os países uma participação real nas decisões". O Papa disse que o poder tecnológico, em mãos de ideologias "nacionalistas ou falsamente universalistas", pode produzir "tremendas atrocidades".
Justiça social e meio ambiente
O papa interligou o respeito à natureza aos problemas sociais enfrentados pelos mais pobres. Para Francisco, é preciso "afirmar, antes de tudo, a existência de um verdadeiro direito do ambiente. "Primeiro, porque como seres humanos fazemos parte do ambiente, vivemos em comunhão com ele e temos um dever ético de respeitá-lo. Um dano ao meio ambiente é um dano à humanidade. Em segundo lugar, porque cada uma das criaturas possui um valor existencial, de vida e de interdependência", discursou.
Citando as diversas religiões, o líder da Igreja Católica destacou que as religiões monoteístas acreditam em um "Deus Criador" e que devem utilizar a natureza sem "abusar dela ou destruí-la". Em outras crenças politeístas, todos consideram que "o ambiente é um bem fundamental".
Para Bergoglio, a exclusão econômica e social - que provoca danos à natureza - "é uma negação da fraternidade humana e um crime gravíssimo à humanidade e ao ambiente". "Pois, os mais pobres são os que sofrem mais por três motivos: são descartados pela sociedade, vivem de desperdícios e sofrem injustamente com as consequências do mau uso do ambiente. Essa é a cultura do descarte, tão difundida atualmente", ressaltou.
O líder católico ainda elogiou a aplicação da "Agenda 2030" da ONU e disse que ela é um dos bons instrumentos para a sociedade no futuro e para as próximas gerações. Ele ainda destacou que espera que a Conferência do Clima, que será realizada em Paris no mês de outubro, tenha resultados "concretos e efetivos".
Acordo nuclear
Durante seu longo discurso, o Pontífice ainda ressaltou a importância do fim das guerras e da prática da diplomacia para resolver conflitos. Sem citar diretamente o acordo nuclear do Irã e dos países ocidentais, Francisco disse que esse foi um exemplo do que as conversas podem trazer. "É preciso se empenhar em um mundo sem armas nucleares, aplicando plenamente os tratados internacionais para se chegar a uma proibição total desses instrumentos. O recente acordo sobre a questão nuclear em uma região sensível no Oriente Médio é uma prova de que paciência, constância resolvem", disse o líder católico ressaltando que torce para o acordo ser "duradouro e eficaz e que com a colaboração de todos, produza os frutos esperados".
Terrorismo
Bergoglio ainda lembrou sobre a "dolorosa situação" que cristãos e minorias religiosas enfrentam na Síria e no Iraque, onde quem não se deixa "envolver pelo ódio e pela loucura" precisou "fugir ou pagar um alto preço" para ficar. "Essas realidades devem constituir um sério apelo para aqueles que têm responsabilidade em negociar a paz, seja na Ucrânia, Síria, Sudão do Sul ou Iraque", disse o Pontífice fazendo um apelo para que as pessoas não virem apenas parte de "estratégias ou números" dos conflitos. Para Francisco, "a guerra é uma negação de todos os direitos e é uma agressão dramática ao meio ambiente".
Papa faz saudação aos funcionários da ONU
Antes de seu discurso principal, o papa Francisco fez um breve discurso para os funcionários das Nações Unidas e pediu que eles sejam como "uma família unida". "De modo a encarnar em vocês mesmos o ideal dessa organização, sejam uma família humana unida que trabalha pela paz e em paz, na justiça e no espírito de justiça", disse o Pontífice.
Jorge Mario Bergoglio ainda elogiou o trabalho dos funcionários, "da cozinheira ao diplomata", que "são a espinha dorsal" da organização. Para ele, as funções desenvolvidas no local são um "trabalho silencioso e fiel que contribui não só para o melhoramento da ONU, mas o seu compromisso diário torna possível fazer as ações diplomáticas e políticas" no mundo

Nenhum comentário:

Postar um comentário