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terça-feira, 30 de agosto de 2016

A coragem da democracia contra a covardia da ditadura

EMIR SADER


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O Brasil de hoje dá lições de consciência política, para quem saiba ler o significado do que acontece cotidianamente. Acontecimentos, atitudes, personagens simbolizam valores contraditórios, revelando sua verdadeira face e o significado do que o Brasil vive a cada dia.
A ditadura, que não quer assumir o seu nome, como sempre, porque sabe suas conotações negativas, se impõe sempre pela força. Pela força dos tanques, pela força do monopólio na opinião pública que não tolera os argumentos opostos, pela força de maioria parlamentar eleita pelo poder do dinheiro.
A ditadura não tem argumentos, não busca persuadir. Ela foge, se esconde, corrompe na calada da noite. A dupla Temer-Eduardo Cunha é sua cara atual.
Reprime as manifestações de rua, tentou em vão impedir o Fora Temer na Olimpíada, busca corromper senadores com cargos e promessas, foge das aparições em público.
A imagem covarde de Temer na abertura e sua ausência vergonhosa no fechamento da Olimpíada, em contraste com a maratona de perguntas e respostas à presidente Dilma, depois do seu digno discurso no Senado, opõem a cara da democracia à cara da ditadura. A democracia confia nos argumentos, na persuasão, tem coragem de se jogar na disputa por razões, por votos, por isso pode perder ou ganhar.
A ditadura tem medo de argumentos, é impotente para convencer, por isso impõe a censura das ideias opostas, que lhe causa profundo incômodo, porque não sabe responder.
A ditadura militar impunha a censura pela força e pela cumplicidade da mídia. A ameaça da ditadura atual se apoia no monopólio da mídia privada, que tem pânico dos argumentos democráticos, por isso os esconde, os censura, trata de desqualificar as pessoas que os defendem.

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