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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

PT mina reforma da Previdência de Dilma

sem apoio petista, aliados e oposição ganham motivos para recusar a proposta



Do jeito como está sendo encaminhada pelo governo, a possibilidade de sucesso da reforma da Previdência é baixa. Cresce a resistência à proposta dentro do próprio PT, o partido da presidente Dilma Rousseff.
A articulação política é falha. A presidente deveria ter convencido primeiro o PT. Deputados e senadores petistas dizem que dificilmente o partido vai empunhar uma bandeira impopular na hora em que atravessa uma crise política e de imagem.
O PT está errado, mas é assim que pretende agir. O que faz a presidente? Lança a proposta sem convencer o PT. Está dada a senha para que partidos aliados e a oposição a deixem falando sozinha.
A presidente tem insistido na tese, que é correta, de realização de uma reforma da Previdência agora para que as futuras gerações não fiquem sem aposentadoria ou tenham uma remuneração insignificante para as suas necessidades.
Levando em conta que os mais pobres começam a trabalhar mais cedo, faz sentido criar uma regra que mistura idade mínima com um tempo de trabalho para permitir que uma pessoa se aposente. Ou seja, uma fórmula que combina idade com período de trabalho. Até aí, é uma boa iniciativa. Mais do que isso: é necessária.
Na semana que vem, Dilma vai começar a fazer reuniões com os partidos de sua base para pedir apoio à reforma da Previdência e à CPMF. No caso da reforma da Previdência, ela já deveria ter tido um encontro desse tipo com o PT. Sem o apoio do próprio partido, a reforma não vai sair e vai gerar mais expectativa negativa sobre a economia.
Está aberta a janela de 30 dias que permite aos políticos com mandato a troca de partido sem o risco de cassação por infidelidade partidária. É uma emenda constitucional ruim, que fragmenta ainda mais o sistema partidário.
O ano passado terminou com 35 partidos registrados no país. Ter um partido virou negócio, porque isso dá direito a uma parcela do fundo partidário e a tempo de propaganda no rádio e na TV para negociar alianças nas eleições.
O Congresso está se transformando em um lugar cheio de partidos médios, que foram bancadas de 15, 20, 25 ou 30 parlamentares e se sentem fortes para chantagear o governo, pedindo ministérios, cargos e verbas federais.
O site da Câmara registra que o PMB, Partido da Mulher Brasileira, tem hoje uma bancada de 19 membros em exercício. São 17 deputados e apenas duas deputadas. É claro que não é um partido que vá tratar das bandeiras femininas na política. É mais uma legenda que foi criada porque é muito fácil fazer isso no Brasil. Basta um olhar nos nomes da bancada para ver que não há a menor conexão ideológica entre eles. É só um ajuntamento temporário de interesses.
Não é problema existir uma lei que permita a criação de quantos partidos um país desejar. Mas é preciso estabelecer requisitos mais duros para todos os que tenham acesso ao dinheiro público, tempo de propaganda e benefícios no Congresso. É preciso estabelecer critérios de desempenho para isso. Do contrário, só estamos piorando a política

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