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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Domínio do tráfico na fronteira com o Paraguai muda de mãos


Execução do traficante mais poderoso da fronteira por criminosos de facções brasileiras deve agravar a violência no país


Domínio do tráfico na fronteira com o Paraguai muda de mãos
Policiais vistoriam o carro onde Rafaat morreu (Foto: Divulgação)

A cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, foi palco de uma dos episódios mais violentos dos últimos anos no Paraguai. Na última quarta-feira, 15, o  narcotraficante brasileiro de descendência árabe Jorge Rafaat Toumani, conhecido como o “rei da fronteira”, foi executado em uma emboscada cinematográfica, supostamente orquestrada pro capangas de duas das facções mais poderosas do Brasil: O Primeiro Comando da Capital (PCC), originária de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio, que teriam selado uma aliança para se livrar do seu fornecedor atacadista de maconha e inimigo em comum.
Rafaat já havia escapado de dois atentados recentemente. Desta vez, os criminosos cercaram o jipe Hummer que ele dirigia e, em um cruzamento movimentado, usaram armamento de guerra de exclusivo uso militar, inclusive uma poderosa metralhadora antiaérea de calibre 0.50, para penetrar os vidros blindados do jipe. Rafaat foi alvejado por mais de 200 tiros de metralhadora e morreu na hora. A escolta pessoal do traficante, estimada em cerca de 30 homens, seguia em outros carros logo atrás e reagiu, dando início a um tiroteio que, segundo a polícia, durou quatro horas e teria envolvido cerca de 70 criminosos. Nove pessoas foram presas. Uma testemunha disse que “parecia filme de terror”.
A polícia acredita que Rafaat, condenado a 47 anos de prisão em 2014 no Brasil por tráfico internacional de drogas, comandava o tráfico na fronteira há anos, impedindo que facções criminosas brasileiras se instalassem na região. Apesar da condenação no Brasil, Rafaat vivia uma vida de luxo como empresário de sucesso em Pedro Juan Caballero, onde tinha comércio de pneus, empresas de segurança e de materiais de construção. Horas depois do atentado, lojas que pertenciam a ele foram invadidas e incendiadas.
Em entrevista ao site G1, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse que a execução de Rafaat traz um risco real de aumento da violência no Brasil, já que o PCC passaria a controlar toda a cadeia de produção e distribuição de maconha e cocaína dos dois lados da fronteira.
Beltrame alertou: “A morte cinematográfica dele [Rafaat] evidencia que criminosos brasileiros resolveram tomar o controle da região, e se isso se confirmar será um alerta muito grave para as autoridades de todo o país”.

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