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sábado, 25 de junho de 2016

O começo do fim da União Europeia?


Ao abandonar a União Europeia, Reino Unido diz não à livre circulação de pessoas


O começo do fim da União Europeia?
Para líderes europeus, prioridade agora é impedir um efeito dominó no resto do bloco (Foto: Youtube/Reprodução)

A União Europeia, instituição que tem ajudado a manter a paz na Europa há meio século, sofreu um duro golpe nesta sexta-feira, 24, com a decisão do Reino Unido de abandonar o bloco.
Por enquanto ninguém sabe quando a Grã-Bretanha vai deixar a UE e em que termos. Mas duas perguntas se destacam: o que o voto significa na Grã-Bretanha e na Europa? E o que acontece agora?
Os britânicos citaram muitas razões para rejeitar a UE, do déficit democrático em Bruxelas à fraqueza das economias da zona do euro. Mas o verdadeiro pivô da quebra do contrato de adesão à UE foi uma rejeição à livre circulação de pessoas. À medida que o número de recém-chegados à Grã Bretanha aumentava, a imigração subia na lista de preocupações dos eleitores. Por este e outros motivos a decisão do premier David Cameron de convocar o referendo foi, no mínimo, irresponsável.
Uma promessa difícil de cumprir
Aqueles que votaram pela saída do Reino Unido da UE prometeram a simpatizantes tanto uma economia próspera como um maior controle da imigração. Mas eles não chegarão a esses resultados apenas pelo voto. Se quiserem ter acesso ao mercado único da EU e desfrutar da sua riqueza, eles terão de aceitar a livre circulação de pessoas também. Se a Grã-Bretanha rejeitar a livre circulação de pessoas, terá de pagar o preço da exclusão do mercado único. O país deve escolher entre reduzir a imigração ou maximizar sua riqueza .
No fim, a saída dos britânicos é um duro golpe e uma ameaça para a UE. O sumo sacerdócio em Bruxelas perdeu contato com os cidadãos europeus comuns não apenas na Grã-Bretanha. Uma pesquisa recente do Pew Research constatou que, na França, um membro fundador e forte defensor da UE, apenas 38% dos eleitores ainda têm uma visão favorável do bloco, seis pontos percentuais a menos do que na Grã-Bretanha.
Cada país guarda seu próprio ressentimento. Na Itália e na Grécia, onde as economias são fracas, os eleitores reclamam da austeridade imposta pela Alemanha. Na França, a UE é acusada de ser “ultra-liberal”. Já os britânicos a acusavam de afundar o país na burocracia. Na Europa Oriental nacionalistas culpam a UE pela imposição de valores liberais como o casamento gay.
Para os líderes europeus, a questão mais premente agora é como impedir o contágio. Isso significa fazer a saída da Grã-Bretanha parecer uma opção pouco atraente, impedindo o país de desfrutar dos benefícios da adesão. A ideia, como um ministro francês disse antes do resultado, não é punir a Grã-Bretanha, mas enviar um sinal forte para evitar um efeito dominó em outros países.

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